Dentro da Programação da Semana dos Profissionais da Química 2021, que marca os 65 anos do Sistema CFQ/CRQs, o Conselho Regional de Química da 12ª Região (CRQ XII) promoveu nesta quinta-feira (17/06) o evento online intitulado “Profissional da Química na Pandemia: Atuação e Perspectivas”. A realização foi uma parceria entre o CRQ XII e a Associação Brasileira de Química (ABQ) e teve como mediador o presidente do CRQ XII, Luciano Figueiredo de Souza.
O presidente do CRQ XII, no discurso de abertura do evento, destacou a atuação dos profissionais da Química no enfrentamento ao novo coronavírus e o trabalho desenvolvido pelo Sistema CFQ/CRQs em resposta às dificuldades.
“O dia 18 de junho, Dia Nacional do Químico, marca os 65 anos da lei que regulamentou nossa profissão, deu reconhecimento a ela. Nosso objetivo é fazer com que os profissionais sejam valorizados, isso é algo que viemos trabalhando bastante ao longo do tempo e já nos deu uma relevância nacional muito grande. Somos procurados para ser fontes confiáveis de informação, pra evitar o que vimos lá no começo da pandemia, com orientações inadequadas do manuseio de produtos químicos. Continuamos nessa linha”, destacou Luciano de Souza.
A palestrante foi a Química Industrial Monique Gomes Manfrin, que tem grande experiência no setor fabril especialmente na indústria de saneantes e cosméticos, nas funções ligadas à segurança e qualidade. A apresentação de Monique, intitulada “Desafios e oportunidades na indústria”, foi um testemunhal de profissional da Química que atuou na linha de frente em meio à crise sanitária da Covid-19.
Ela destaca que cabe a quem atua no setor produtivo atenção a todos os detalhes. Nesse aspecto, por exemplo, é preciso aproveitar mudanças na legislação.
“Foi o que aconteceu com o álcool em gel, quando a Anvisa determinou uma liberação dessa classe de produtos até o final da pandemia. A Anvisa colocou regras e definiu a matéria-prima, álcool etílico 70%. Estaria liberado em diversos tipos de formulação. Mas botar produto no mercado leva certo tempo. Demanda testes… Até aprovar formulação. Tem de monitorar produto, fazer testes de embalagem. O químico faz parte do controle de qualidade e está responsável por verificar as especificações exigidas, mesmo nesses casos”, explica Monique.
Ela salienta que, apesar da flexibilização da legislação por conta da pandemia, o setor industrial tratou de seguir o rito habitual em paralelo.
“O pensamento foi: vou botar produto no mercado, mas vou regularizar na Anvisa ao mesmo tempo. A situação exigia do profissional da química, pois a Anvisa exige que se comprove eficácia dos produtos. A demanda cresceu e laboratórios correram pra implantar métodos e oferecer para a industria. Eu vi muitos laboratórios, cada um com uma metodologia diferente. Cheguei a mandar amostras para vários, com resultados diversos. Temos de nos perguntar se os laboratórios tem acreditação. Depende de nós fazer isso. É preciso atenção redobrada dos responsáveis técnicos”.
Ao final, no espaço reservado às perguntas, Monique foi questionada sobre a necessidade de estabelecimento de data de vencimento para produtos saneantes, não perecíveis. Ela argumentou:
“Somos responsáveis até o último dia da validade. Se não tivesse validade, haveria uma garantia eterna. Ela precisa existir pois existem outros fatores além do produto em si, como embalagem e armazenamento… A validade é um respaldo para a indústria”, esclareceu.